Crença popular que
associa aranha caranguejeiras à doença viral é mito e surgiu porque a aranha
possui cerdas capazes de provocar reação alérgica
Você já deve ter ouvido falar que encostar em aranha pode causar cobreiro –
aquelas lesões avermelhadas na pele, acompanhadas de coceira, formigamento,
febre e mal-estar. Mas será que isso tem algum fundamento científico? Segundo o
aracnólogo Paulo Goldoni, tecnologista no Laboratório de Coleções Zoológicas do
Instituto Butantan, a resposta é não.
Cobreiro é o nome popular das manifestações que podem ocorrer na pele como
consequência da herpes-zóster, doença causada pelo vírus varicela-zoster e que
não tem nada a ver com as pobres aranhas. Esse vírus é o mesmo da catapora (ou
varicela), doença comum na infância e prevenível pela vacina tetravalente,
disponível na rede pública a partir dos 15 meses de idade. A herpes-zóster,
predominante em idosos, acontece quando o varicela-zoster é reativado no
organismo após ficar “dormente” por um período – ele pode levar décadas para se
manifestar e, em algumas pessoas, isso nunca acontece.
Então de onde vem essa história de que aranha causa
cobreiro?
A palavra “cobreiro” surgiu justamente da ideia de que as lesões na pele
são provocadas pelo contato com aranhas, cobras ou até sapos, embora a crença
sobre os aracnídeos tenha ganhado mais destaque no imaginário popular. As
aranhas associadas ao cobreiro são as caranguejeiras, da família
Theraphosidae – aquelas grandes e “peludas” que vemos nos filmes. No Brasil,
há 185 espécies descritas
dessa família.
De acordo com Paulo, esses “pelos” são, na verdade, cerdas
modificadas capazes de causar reação alérgica. “O contato
com essas cerdas pode provocar uma variedade de respostas. Algumas pessoas
podem ficar apenas com vermelhidão e coceira, enquanto outras podem chegar a
ter pequenas bolhas e feridas na pele, que acabam sendo confundidas com as
lesões da herpes-zóster”, explica.
As caranguejeiras com cerdas urticantes pertencem a uma subfamília
específica, a Theraphosinae, distribuída em todo o território brasileiro.
“Algumas espécies têm o hábito de caminhar, em vez de ficar escondidas em
tocas. Com isso, acabam sendo mais vistas pelas pessoas, inclusive nas
residências. Segundo a crença popular, essas espécies mais ativas seriam
responsáveis pelo cobreiro”, diz o especialista.
As cerdas são usadas como mecanismo de defesa e lançadas quando a aranha se
sente ameaçada. Os pelos urticantes podem atingir até os olhos e o trato
respiratório, causado intensa irritação. Vale ressaltar que a caranguejeira não
é um animal agressivo e esses acidentes só acontecem se as pessoas se aproximam
ou tentam segurá-la. Por isso, ao cruzar com uma dessas aranhas, é melhor
deixá-la seguir seu rumo.
Como diferenciar as lesões: cobreiro e urticária
As feridas da herpes-zóster costumam
aparecer, principalmente, no tórax, pescoço e costas, e somente de um lado do
corpo. Além de coceira, ardor e formigamento, as bolhas podem provocar dores
fortes, já que o vírus fica alojado nas células nervosas. A doença é mais comum
em idosos e pessoas com sistema imune comprometido, podendo deixar sequelas
como dor crônica. O tratamento é feito com antivirais e existe uma vacina
disponível na rede privada de saúde que ajuda a prevenir a infecção.
Já a alergia provocada pelas cerdas da caranguejeira é caracterizada por
vermelhidão, dor e coceira intensa no local do contato, não se espalhando por
outros lugares do corpo. Também podem ocorrer manifestações sistêmicas, como
espirros e tosse. Raramente, pessoas com maior sensibilidade podem ter reações
alérgicas mais graves que necessitam de atendimento médico. Já foram descritos,
também, casos de inflamação crônica nos olhos.
Tive contato com as cerdas da aranha, preciso tomar o
soro antiaracnídico do Butantan?
Não. As cerdas não estão ligadas às glândulas de veneno e não provocam
envenenamento. Assim, o tratamento é feito com base nos sintomas da alergia.
Apesar de as caranguejeiras terem veneno, assim como os outros aracnídeos, sua
toxina não é ativa em humanos e não representa perigo. A picada pode provocar
dor local, coceira, inchaço e vermelhidão na pele, sintomas que também são
tratados com medicamentos convencionais e que não exigem a aplicação de soro.
Fonte: https://butantan.gov.br/ - Reportagem: Aline Tavares - Designed by Freepik - https://br.freepik.com
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