Foram encontrados altos níveis de contaminação por arsênio em peixes coletados no litoral fluminense, que são vendidas para consumo humano sob o nome de cação

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Bem estar

Pesquisa identifica contaminação por arsênio em peixes no RJ

Pesquisa coordenada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), detectou índices do metal dezenas de vezes superiores ao máximo estabelecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em duas espécies muito consumidas no estado do Rio de Janeiro.

Os peixes, da espécie Cação, foram coletados para o estudo em Niterói, na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, Copacabana e Ipanema, na Zona Sul.

Em 20 exemplares de raia-manteiga (espécie Gymnura altavela) coletados em Copacabana, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, os pesquisadores verificaram, em média, 15 miligramas de arsênio por quilo de peixe. Um animal chegou a apresentar 79 miligramas por quilo.
O cação é um animal de topo de cadeia. Isso significa que ele acumula uma concentração maior de arsênio, já que é predador de outros peixes já contaminados.

Segundo a Anvisa, o limite do metal para consumo humano deve ser de um miligrama por quilo de peixe. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS), que também considerava esse limiar, reviu suas recomendações e aponta que não há nível de ingestão seguro.

Os pesquisadores também analisaram 50 espécimes de raia-viola (espécie Pseudobatos horkelii), coletados em Copacabana, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca, na capital, e em Cabo Frio, na Região dos Lagos. Em média, a contaminação foi de 30 miligramas por quilo de peixe, com pico de 61 miligramas por quilo detectados em um animal. 

Impróprio para o consumo

“O arsênio está entre os dez contaminantes de maior preocupação para a saúde pública, segundo a OMS. É uma substância tóxica, que pode prejudicar os sistemas imune, reprodutivo e neurológico, além de ser carcinogênico”, pontua a pesquisadora do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC/Fiocruz e coordenadora do estudo, Rachel Ann Hauser Davis.

 “São níveis altos de contaminação. Esses animais não devem ser consumidos, tanto por causa do risco para a saúde como por serem espécies que precisam ser preservadas”, afirma Rachel, lembrando que raias e tubarões de diferentes espécies são vendidos para consumo com o nome genérico de cação e que a maioria destes animais apresenta algum grau de ameaça de extinção.

O estudo ainda relata que a presença da substância no mar é causada por esgotos doméstico e industrial não tratados, pesticidas aplicados na agricultura, lixo sólido, equipamentos eletrônicos e combustíveis fósseis.

Ao todo, cerca de 450 espécimes de raias e tubarões foram coletados pelos cientistas desde 2021 e estão sendo analisados para verificar contaminações por metais e compostos orgânicos. As coletas são realizadas com a parceria de diversas colônias de pescadores artesanais, que destinam os animais acidentalmente capturados em redes de pesca à pesquisa científica.

Em trabalhos anteriores, com base em espécimes coletados entre 2017 e 2019, os pesquisadores apontaram contaminação por arsênio em tubarões de Cabo Frio e mercúrio em tubarões do Rio de Janeiro.

Estas pesquisas alertam para a relação entre o consumo de peixes contaminados por metais e a predisposição ao câncer e outras doenças. Por isso, uma dica para prevenir problemas é seguir uma dieta diversificada, variando as espécies de peixes e a frequência de seu consumo.

 Fonte: https://portal.fiocruz.br/

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