Diante do aumento de casos de dengue e o aumento de infecções
por covid-19 no Brasil é importante saber diferenciar os sinais de cada
enfermidade.
Em entrevista à Agência Brasil, o infectologista do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Albert Einstein, Moacyr Silva Junior, lembrou que, embora igualmente causadas por vírus, dengue e covid-19 são transmitidas de maneiras completamente diferentes. Enquanto a infecção por dengue acontece pela picada do mosquito Aedes aegypti, a infecção por covid-19 se dá por via aérea, por contato próximo a uma pessoa doente, como tosse ou espirro.
A transmissão da covid-19
acontece de pessoa para pessoa. É uma transmissão respiratória por tosse,
expectoração, gotículas, contato de mão. Muitas vezes, a pessoa assoa o nariz,
não higieniza as mãos e passa para outra pessoa. A dengue não, está relacionada
ao mosquito mesmo. O mosquito pica uma pessoa infectada e, posteriormente, vai
picar outra pessoa sã e transmitir o vírus de uma pessoa para outra, mas você
tem o vetor.”
“Quando a gente pensa em covid-19, o quadro é muito relacionado a um quadro respiratório ou de resfriado comum e dor no corpo. Já na dengue, geralmente, é um quadro mais seco. Esse quadro respiratório geralmente está ausente. Não vai haver infecção das vias aéreas superiores. É mais dor atrás dos olhos, dor no corpo, mal-estar. Não vai estar associado à coriza, tosse e expectoração.”
Dengue
O Ministério da Saúde define a
dengue como uma doença febril aguda, sistêmica, debilitante e autolimitada. A
maioria dos pacientes se recupera, mas parte deles pode progredir para formas
graves da doença.
“Os sinais clássicos da dengue são febre,
geralmente junto com dor no corpo, dor atrás dos olhos, mal-estar e prostração.
É uma febre que chega a 38° ou 39°. Tudo bem associado”, explicou o
infectologista.
Após o período febril,
entretanto, é preciso manter a atenção. Com o declínio da febre após os
primeiros dias, alguns sinais classificados como de alarme podem estar
presentes e marcam o início da piora do paciente.
“O agravamento da dengue
acontece em torno do terceiro ao quinto dia, quando a febre desaparece. É
interessante porque, geralmente, quando a febre desaparece, a gente acha que
está melhorando. Mas, no caso da dengue, pode se um sinal de que a coisa pode
piorar.”
“Nessa piora, os sinais de
alerta são vômitos recorrentes, a pessoa não consegue se alimentar, fica bem
desidratada, dor de barriga, surgem manchas pelo corpo. São sinais de
gravidade. Então, no terceiro dia, caso a febre suma e a pessoa se sinta pior,
vale procurar o posto de saúde para ser avaliada e verificar a gravidade.”
Covid-19
Já a covid-19 se caracteriza
por uma infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e é
classificada pelo Ministério da Saúde como potencialmente grave, de elevada
transmissibilidade e de distribuição global.
A doença pode apresentar
manifestações clínicas leves, quadros moderados, graves e até críticos.
A maioria dos casos são
marcados pela presença de sintomas como tosse, dor de garganta ou coriza,
seguidos ou não de febre, calafrios, dores musculares, fadiga e dor de cabeça.
“A covid pode não ter febre. O
paciente vai apresentar um quadro de tosse, expectoração, dor de garganta,
obstrução nasal associada à dor no corpo. Acompanhado ou não de febre”,
explicou Moacyr Silva Júnior.
“Felizmente, com a vacinação,
a gente não está tendo mais casos graves de covid-19, com internação. A pessoa
pode ficar em casa e tratar coma analgésicos e antitérmicos. Os sinais de
gravidade são falta de ar que persiste, cansaço importante, frequência
respiratória mais aumentada e uma febre que pode persistir, diferentemente da
dengue. Nesses casos, o paciente deve procurar assistência médica.”
Em casos graves, classificados
como Síndrome Respiratória Aguda Grave, há desconforto respiratório, pressão
persistente no tórax ou saturação de oxigênio menor que 95% em ar ambiente,
além de coloração azulada de lábios ou rosto. Nos casos críticos, há
necessidade de suporte respiratório e internações em unidades de terapia
intensiva (UTI).
Automedicação
O infectologista alerta que a
automedicação, apesar de ser vista como uma solução para o alívio imediato dos
sintomas, deve ser feita com cautela para que não haja consequências mais
graves – sobretudo em casos de dengue.
“Em relação à covid,
particularmente, a dipirona e a lavagem nasal com soro fisiológico já ajudam e
diminuem os sintomas até passar a fase. Já em relação à dengue, além do
analgésico, que seria a dipirona, precisamos de uma hidratação bastante
importante, algo em torno de três litros por dia de hidratação oral. Pode ser
suco, água de coco e água. Associados à dipirona, para diminuir os sintomas de
dor muscular. O que é contraindicado é o ácido acetilsalicílico, o AAS, que
pode piorar os sinais de hemorragia caso o paciente evolua para dengue
hemorrágica”, concluiu.
Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/ - adaptado
de edição de Denise Griesinger -
imagem: https://br.freepik.com/
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